Desenvolvido por aluno de doutorado e professor do Instituto de Informática (INF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), um projeto virou destaque no site de uma das instituições mais respeitadas do mundo, o Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos.

Vitor Pamplona, doutorando da UFRGS, e Manuel Menezes de Oliveira Neto, professor do INF, trabalharam na ideia que foi premiada no MIT. O projeto permite o diagnóstico à distância de problemas de visão relacionados à refração da luz, como miopia, astigmatismo e hipermetropia, revelou um dos trunfos da carreira de quem segue a Ciência da Computação: a versatilidade. Da medicina à arquitetura, onde houver computadores, (ou qualquer dispositivo programável, como um IPad), a carreira estará presente.

– Nesse ponto, a computação se encaixa em qualquer área. Eu e o Vitor Pamplona, por exemplo, temos explorado trabalhos relacionados ao olho humano, à visão. Esse histórico foi fundamental – conta o professor Manuel Menezes de Oliveira Neto, um dos autores da pesquisa.

O grupo (Oliveira Neto, Vitor Pamplona e os pesquisadores americanos Ramesh Raskar e Ankit Mohan, do MIT Media Lab) propôs uma nova forma de fazer exames de visão acrescentando à tela de um celular um dispositivo que custa entre US$ 1 e US$ 2. Eles foram agraciados com um prêmio na competição Ideas, do MIT, e foram citados no discurso proferido pela presidente do MIT, Susan Hockfield, durante a cerimônia de formatura realizada em junho.

– Imagine todo o equipamento tradicional usado para o exame que detecta problemas de refração. Em muitos locais da África e da Índia se torna caríssimo. Nosso projeto pode facilitar muito isso nessas regiões – conta Pamplona, formado em Ciência da Computação pela Universidade de Blumenau (Furb) e doutorando na UFRGS, com estágio sanduíche no MIT.

Aos 26 anos, voltará em breve para o Brasil. A meta é retomar os estudos nos EUA.

– Em projetos como esse, é instigante o contato que temos com profissionais de diversas áreas. Tivemos consultoria de médicos oftalmologistas, por exemplo. Eles serão os profissionais que, a partir do resultado do exame, darão a receita ao paciente – avisa Pamplona.

Que equipamento é esse
- A ideia é acoplar um dispositivo de plástico sobre a tela de um celular que executa um software desenvolvido pelo grupo para exames de visão.
- O novo sistema calcula a prescrição necessária para corrigir problemas como miopia, hipermetropia e astigmatismo.
- Ele poderá substituir os grandes e caros equipamentos hoje utilizados.
- Vem como alternativa para países onde há carência de oftalmologistas e nem sempre se pode arcar com os custos convencionais.
- Será patenteado, e o grupo fará estudos para testar o produto em Boston (EUA), partes da África e da Ásia.
- A equipe apresentará o artigo no ACM SIGGRAPH, a mais conceituada conferência em computação gráfica, que acontecerá no final de julho em Los Angeles (EUA).