by Luigi Torre

Uma das várias definições de moda é a exteriorização, ou materialização de subjetividade e personalidade. Com a moda, usamos nossas roupas para comunicar aos outros, ao mundo e à nós mesmos quem somos (ou quem queremos ser) e o que estamos sentindo.
É um dos princípios da consultoria de imagem. Através da roupa pode-se dizer muito sobre a personalidade de uma pessoa. E na maior parte das vezes fazemos isso inconscientemente ou por mera questões culturais. Por exemplo, quando estamos tristes ou bravos acabamos por escolher looks em tons mais escuros. Já quando estamos mais contentes e otimistas preferimos roupas em tons mais claros e vivos, com mais estampas e profusão de cores.
Com o avanço tecnológico está ficando cada vez mais fácil expressar, senão nossa personalidade, pelo menos nossas emoções e sentimentos. Hoje o conceito de wearable technology, ou smart clothes (roupas inteligentes), já foi levado adiante para um conceito totalmente novo, que promete trazer novos parâmetros para a relação moda e individualidade/subjetividade: é o chamado emotional clothing.
Como o próprio nome diz são roupas emocionais, ou emotivas. Ou seja, roupas que reagem não só com o ambiente externo, mas também com o humor, emoções e sentimentos de seu portador.
Desde seu surgimento, lá no Renascimento, a moda ainda que calcada na questão da distinção de classes, já se configurava como ferramenta de exteriorização do “eu”. Por mais que esse “eu” fosse mais uma questão de “eu tenho e eu posso”, do que de personalidade mesmo, as roupas já eram utilizadas como forma de expressão de um certa subjetividade.
Hoje então nem se fala. Como o filósofo Gilles Lipovestky diz em seu livro, O Império do Efêmero, “é cada vez menos verdadeiro que adquirimos objetos para adquirir prestígio social, para nos isolar dos grupos de estatuto inferior e filiar-nos aos grupos superiores. O que se busca, através dos objetos (e da moda), é menos uma legitimidade e uma diferença social do que uma satisfação privada cada vez mais indiferentes julgamentos dos outros. O consumo (…) manifesta-se, isso sim, em vista do bem-estar, da funcionalidade, do prazer para si mesmo.”
Não é de se espantar que atualmente tendências e grifes cada vez mais perdem importância para o estilo e universo pessoal da cada um. Ninguém mais (pelo menos aqueles com um mínimo de cultura e informação de moda) quer sair nas ruas vestido dos pés a cabeça de Reinaldo Lourenço, Alexandre Herchcovitch ou Osklen. Muito menos num look total boho chic anos 70, ou cowboy.
Hoje vivemos a consumação do chamado “supermercado de estilo”. Onde podemos garimpar peças de épocas, estilos e grupos diferentes, misturando tudo do nosso jeito para compor um look que no fim diga algo a respeito de nós.
Pois bem, só que com o avanço tecnológico, ou melhor, nano-tecnológico, a própria tecnologia passou a ser vestida, rompendo o então conceito de como a moda expressa nossos sentimentos.
Hoje em dia já não é mais raro encontrarmos wearable technology no mercado. Ainda que em pequena quantidade e representando pouquíssimo no total de vendas de suas empresas, já se pode encontrar óculos com fone de ouvido e mp3 player embutido, calça jeans com plug para o iPod e até uma bolsas e jaquetas com mini painéis solares que transformam a luz solar em energia para ser utilizada na carga os celulares, iPods e afins.
Mas a real novidade está nas chamadas emotional clothings. A Philips tem uma linha de pesquisa totalmente dedicada a essa nova área chamada Design Probe, responsável pelos principais produtos do segmento. Como parte deste projeto, a marca desenvolveu os SKIN Dresses, um sub-projeto que visa estudar a futura integração de materiais sensíveis na área de sensores emocionais. É a evolução de produtos e tecnologia inteligentes para sensitíveis.
Hoje já existem dois modelos sendo testados, um mais justo, o Frisson, e outro mais volumoso, chamado e Blush Dress - que chegou a entrar para a lista das melhores invenções de 2007 da revista Time. Ambos apresentam tecnológica sensível às emoções humanas e mostram como o corpo e tudo o que nos rodeia pode usar padronagens e variações de cores para interagir e prever estados emocionais.
O Blush é composto por duas camadas, sendo que a primeira, ou a debaixo, contem sensores biométricos que captam as emoções de seu usuário através de variações de temperatura, batimento cardíaco e de textura na superfície da pele, e as projetam na segunda camada sob a forma de luz e cores.
Segundo a própria idealizadora do vestido, Lucy McRae o Blush Dress é menos sobre o toque do seu portador e mais sobre o ambiente que o rodeia. É uma exteriorização do que a pessoa sente em relação ao ambiente.
Já o Frission, um macacão bem justo ao corpo com vários LEDS, já respondem mais ao que a pessoa sente em relação ao que ela faz e toca. Os mesmo sensores biométricos fazem os LEDS ascenderem e diferentes intensidades de acordo com o nível de excitação e entusiasmos da pessoa.
Tudo isso pode parecer um filme de ficção científica, ainda mais quando se sabe que o Desgin Probe da Philips tenta prever tendências e necessidades sociais dos próximos 15 anos, ou seja, o que os seres humanos poderão estar usando em 2020.
Porém, não há como negar que tudo isso mostra uma nova forma de como a roupa comunica nossas emoções e sentimentos para o mundo. Os benefícios podem ser inúmeros, desde a expressão de sentimentos que dificilmente são expressados em palavras, até formas de estudos de marketing e sociais - para prever como as pessoas reagem a determinada situação ou produto.
O terreno é extremamente novo, porém muito fértil, prometendo muitos estudos e ainda muita inovação e aprimoramento. E que venha o futuro.
Matéria publicada originalmente na Revista Catarina
Uma das várias definições de moda é a exteriorização, ou materialização de subjetividade e personalidade. Com a moda, usamos nossas roupas para comunicar aos outros, ao mundo e à nós mesmos quem somos (ou quem queremos ser) e o que estamos sentindo.
É um dos princípios da consultoria de imagem. Através da roupa pode-se dizer muito sobre a personalidade de uma pessoa. E na maior parte das vezes fazemos isso inconscientemente ou por mera questões culturais. Por exemplo, quando estamos tristes ou bravos acabamos por escolher looks em tons mais escuros. Já quando estamos mais contentes e otimistas preferimos roupas em tons mais claros e vivos, com mais estampas e profusão de cores.
Com o avanço tecnológico está ficando cada vez mais fácil expressar, senão nossa personalidade, pelo menos nossas emoções e sentimentos. Hoje o conceito de wearable technology, ou smart clothes (roupas inteligentes), já foi levado adiante para um conceito totalmente novo, que promete trazer novos parâmetros para a relação moda e individualidade/subjetividade: é o chamado emotional clothing.
Como o próprio nome diz são roupas emocionais, ou emotivas. Ou seja, roupas que reagem não só com o ambiente externo, mas também com o humor, emoções e sentimentos de seu portador.
Desde seu surgimento, lá no Renascimento, a moda ainda que calcada na questão da distinção de classes, já se configurava como ferramenta de exteriorização do “eu”. Por mais que esse “eu” fosse mais uma questão de “eu tenho e eu posso”, do que de personalidade mesmo, as roupas já eram utilizadas como forma de expressão de um certa subjetividade.
Hoje então nem se fala. Como o filósofo Gilles Lipovestky diz em seu livro, O Império do Efêmero, “é cada vez menos verdadeiro que adquirimos objetos para adquirir prestígio social, para nos isolar dos grupos de estatuto inferior e filiar-nos aos grupos superiores. O que se busca, através dos objetos (e da moda), é menos uma legitimidade e uma diferença social do que uma satisfação privada cada vez mais indiferentes julgamentos dos outros. O consumo (…) manifesta-se, isso sim, em vista do bem-estar, da funcionalidade, do prazer para si mesmo.”
Não é de se espantar que atualmente tendências e grifes cada vez mais perdem importância para o estilo e universo pessoal da cada um. Ninguém mais (pelo menos aqueles com um mínimo de cultura e informação de moda) quer sair nas ruas vestido dos pés a cabeça de Reinaldo Lourenço, Alexandre Herchcovitch ou Osklen. Muito menos num look total boho chic anos 70, ou cowboy.
Hoje vivemos a consumação do chamado “supermercado de estilo”. Onde podemos garimpar peças de épocas, estilos e grupos diferentes, misturando tudo do nosso jeito para compor um look que no fim diga algo a respeito de nós.
Pois bem, só que com o avanço tecnológico, ou melhor, nano-tecnológico, a própria tecnologia passou a ser vestida, rompendo o então conceito de como a moda expressa nossos sentimentos.
Hoje em dia já não é mais raro encontrarmos wearable technology no mercado. Ainda que em pequena quantidade e representando pouquíssimo no total de vendas de suas empresas, já se pode encontrar óculos com fone de ouvido e mp3 player embutido, calça jeans com plug para o iPod e até uma bolsas e jaquetas com mini painéis solares que transformam a luz solar em energia para ser utilizada na carga os celulares, iPods e afins.
Mas a real novidade está nas chamadas emotional clothings. A Philips tem uma linha de pesquisa totalmente dedicada a essa nova área chamada Design Probe, responsável pelos principais produtos do segmento. Como parte deste projeto, a marca desenvolveu os SKIN Dresses, um sub-projeto que visa estudar a futura integração de materiais sensíveis na área de sensores emocionais. É a evolução de produtos e tecnologia inteligentes para sensitíveis.
Hoje já existem dois modelos sendo testados, um mais justo, o Frisson, e outro mais volumoso, chamado e Blush Dress - que chegou a entrar para a lista das melhores invenções de 2007 da revista Time. Ambos apresentam tecnológica sensível às emoções humanas e mostram como o corpo e tudo o que nos rodeia pode usar padronagens e variações de cores para interagir e prever estados emocionais.
O Blush é composto por duas camadas, sendo que a primeira, ou a debaixo, contem sensores biométricos que captam as emoções de seu usuário através de variações de temperatura, batimento cardíaco e de textura na superfície da pele, e as projetam na segunda camada sob a forma de luz e cores.
Segundo a própria idealizadora do vestido, Lucy McRae o Blush Dress é menos sobre o toque do seu portador e mais sobre o ambiente que o rodeia. É uma exteriorização do que a pessoa sente em relação ao ambiente.
Já o Frission, um macacão bem justo ao corpo com vários LEDS, já respondem mais ao que a pessoa sente em relação ao que ela faz e toca. Os mesmo sensores biométricos fazem os LEDS ascenderem e diferentes intensidades de acordo com o nível de excitação e entusiasmos da pessoa.
Tudo isso pode parecer um filme de ficção científica, ainda mais quando se sabe que o Desgin Probe da Philips tenta prever tendências e necessidades sociais dos próximos 15 anos, ou seja, o que os seres humanos poderão estar usando em 2020.
Porém, não há como negar que tudo isso mostra uma nova forma de como a roupa comunica nossas emoções e sentimentos para o mundo. Os benefícios podem ser inúmeros, desde a expressão de sentimentos que dificilmente são expressados em palavras, até formas de estudos de marketing e sociais - para prever como as pessoas reagem a determinada situação ou produto.
O terreno é extremamente novo, porém muito fértil, prometendo muitos estudos e ainda muita inovação e aprimoramento. E que venha o futuro.
Matéria publicada originalmente na Revista CatarinaUma das várias definições de moda é a exteriorização, ou materialização de subjetividade e personalidade. Com a moda, usamos nossas roupas para comunicar aos outros, ao mundo e à nós mesmos quem somos (ou quem queremos ser) e o que estamos sentindo.
É um dos princípios da consultoria de imagem. Através da roupa pode-se dizer muito sobre a personalidade de uma pessoa. E na maior parte das vezes fazemos isso inconscientemente ou por mera questões culturais. Por exemplo, quando estamos tristes ou bravos acabamos por escolher looks em tons mais escuros. Já quando estamos mais contentes e otimistas preferimos roupas em tons mais claros e vivos, com mais estampas e profusão de cores.
Com o avanço tecnológico está ficando cada vez mais fácil expressar, senão nossa personalidade, pelo menos nossas emoções e sentimentos. Hoje o conceito de wearable technology, ou smart clothes (roupas inteligentes), já foi levado adiante para um conceito totalmente novo, que promete trazer novos parâmetros para a relação moda e individualidade/subjetividade: é o chamado emotional clothing.
Como o próprio nome diz são roupas emocionais, ou emotivas. Ou seja, roupas que reagem não só com o ambiente externo, mas também com o humor, emoções e sentimentos de seu portador.
Desde seu surgimento, lá no Renascimento, a moda ainda que calcada na questão da distinção de classes, já se configurava como ferramenta de exteriorização do “eu”. Por mais que esse “eu” fosse mais uma questão de “eu tenho e eu posso”, do que de personalidade mesmo, as roupas já eram utilizadas como forma de expressão de um certa subjetividade.
Hoje então nem se fala. Como o filósofo Gilles Lipovestky diz em seu livro, O Império do Efêmero, “é cada vez menos verdadeiro que adquirimos objetos para adquirir prestígio social, para nos isolar dos grupos de estatuto inferior e filiar-nos aos grupos superiores. O que se busca, através dos objetos (e da moda), é menos uma legitimidade e uma diferença social do que uma satisfação privada cada vez mais indiferentes julgamentos dos outros. O consumo (…) manifesta-se, isso sim, em vista do bem-estar, da funcionalidade, do prazer para si mesmo.”
Não é de se espantar que atualmente tendências e grifes cada vez mais perdem importância para o estilo e universo pessoal da cada um. Ninguém mais (pelo menos aqueles com um mínimo de cultura e informação de moda) quer sair nas ruas vestido dos pés a cabeça de Reinaldo Lourenço, Alexandre Herchcovitch ou Osklen. Muito menos num look total boho chic anos 70, ou cowboy.
Hoje vivemos a consumação do chamado “supermercado de estilo”. Onde podemos garimpar peças de épocas, estilos e grupos diferentes, misturando tudo do nosso jeito para compor um look que no fim diga algo a respeito de nós.
Pois bem, só que com o avanço tecnológico, ou melhor, nano-tecnológico, a própria tecnologia passou a ser vestida, rompendo o então conceito de como a moda expressa nossos sentimentos.
Hoje em dia já não é mais raro encontrarmos wearable technology no mercado. Ainda que em pequena quantidade e representando pouquíssimo no total de vendas de suas empresas, já se pode encontrar óculos com fone de ouvido e mp3 player embutido, calça jeans com plug para o iPod e até uma bolsas e jaquetas com mini painéis solares que transformam a luz solar em energia para ser utilizada na carga os celulares, iPods e afins.
Mas a real novidade está nas chamadas emotional clothings. A Philips tem uma linha de pesquisa totalmente dedicada a essa nova área chamada Design Probe, responsável pelos principais produtos do segmento. Como parte deste projeto, a marca desenvolveu os SKIN Dresses, um sub-projeto que visa estudar a futura integração de materiais sensíveis na área de sensores emocionais. É a evolução de produtos e tecnologia inteligentes para sensitíveis.
Hoje já existem dois modelos sendo testados, um mais justo, o Frisson, e outro mais volumoso, chamado e Blush Dress - que chegou a entrar para a lista das melhores invenções de 2007 da revista Time. Ambos apresentam tecnológica sensível às emoções humanas e mostram como o corpo e tudo o que nos rodeia pode usar padronagens e variações de cores para interagir e prever estados emocionais.
O Blush é composto por duas camadas, sendo que a primeira, ou a debaixo, contem sensores biométricos que captam as emoções de seu usuário através de variações de temperatura, batimento cardíaco e de textura na superfície da pele, e as projetam na segunda camada sob a forma de luz e cores.
Segundo a própria idealizadora do vestido, Lucy McRae o Blush Dress é menos sobre o toque do seu portador e mais sobre o ambiente que o rodeia. É uma exteriorização do que a pessoa sente em relação ao ambiente.
Já o Frission, um macacão bem justo ao corpo com vários LEDS, já respondem mais ao que a pessoa sente em relação ao que ela faz e toca. Os mesmo sensores biométricos fazem os LEDS ascenderem e diferentes intensidades de acordo com o nível de excitação e entusiasmos da pessoa.
Tudo isso pode parecer um filme de ficção científica, ainda mais quando se sabe que o Desgin Probe da Philips tenta prever tendências e necessidades sociais dos próximos 15 anos, ou seja, o que os seres humanos poderão estar usando em 2020.
Porém, não há como negar que tudo isso mostra uma nova forma de como a roupa comunica nossas emoções e sentimentos para o mundo. Os benefícios podem ser inúmeros, desde a expressão de sentimentos que dificilmente são expressados em palavras, até formas de estudos de marketing e sociais - para prever como as pessoas reagem a determinada situação ou produto.
O terreno é extremamente novo, porém muito fértil, prometendo muitos estudos e ainda muita inovação e aprimoramento. E que venha o futuro.
Matéria publicada originalmente na Revista Catarina
Uma das várias definições de moda é a exteriorização, ou materialização de subjetividade e personalidade. Com a moda, usamos nossas roupas para comunicar aos outros, ao mundo e à nós mesmos quem somos (ou quem queremos ser) e o que estamos sentindo.
É um dos princípios da consultoria de imagem. Através da roupa pode-se dizer muito sobre a personalidade de uma pessoa. E na maior parte das vezes fazemos isso inconscientemente ou por mera questões culturais. Por exemplo, quando estamos tristes ou bravos acabamos por escolher looks em tons mais escuros. Já quando estamos mais contentes e otimistas preferimos roupas em tons mais claros e vivos, com mais estampas e profusão de cores.
Com o avanço tecnológico está ficando cada vez mais fácil expressar, senão nossa personalidade, pelo menos nossas emoções e sentimentos. Hoje o conceito de wearable technology, ou smart clothes (roupas inteligentes), já foi levado adiante para um conceito totalmente novo, que promete trazer novos parâmetros para a relação moda e individualidade/subjetividade: é o chamado emotional clothing.
Como o próprio nome diz são roupas emocionais, ou emotivas. Ou seja, roupas que reagem não só com o ambiente externo, mas também com o humor, emoções e sentimentos de seu portador.
Desde seu surgimento, lá no Renascimento, a moda ainda que calcada na questão da distinção de classes, já se configurava como ferramenta de exteriorização do “eu”. Por mais que esse “eu” fosse mais uma questão de “eu tenho e eu posso”, do que de personalidade mesmo, as roupas já eram utilizadas como forma de expressão de um certa subjetividade.
Hoje então nem se fala. Como o filósofo Gilles Lipovestky diz em seu livro, O Império do Efêmero, “é cada vez menos verdadeiro que adquirimos objetos para adquirir prestígio social, para nos isolar dos grupos de estatuto inferior e filiar-nos aos grupos superiores. O que se busca, através dos objetos (e da moda), é menos uma legitimidade e uma diferença social do que uma satisfação privada cada vez mais indiferentes julgamentos dos outros. O consumo (…) manifesta-se, isso sim, em vista do bem-estar, da funcionalidade, do prazer para si mesmo.”
Não é de se espantar que atualmente tendências e grifes cada vez mais perdem importância para o estilo e universo pessoal da cada um. Ninguém mais (pelo menos aqueles com um mínimo de cultura e informação de moda) quer sair nas ruas vestido dos pés a cabeça de Reinaldo Lourenço, Alexandre Herchcovitch ou Osklen. Muito menos num look total boho chic anos 70, ou cowboy.
Hoje vivemos a consumação do chamado “supermercado de estilo”. Onde podemos garimpar peças de épocas, estilos e grupos diferentes, misturando tudo do nosso jeito para compor um look que no fim diga algo a respeito de nós.
Pois bem, só que com o avanço tecnológico, ou melhor, nano-tecnológico, a própria tecnologia passou a ser vestida, rompendo o então conceito de como a moda expressa nossos sentimentos.
Hoje em dia já não é mais raro encontrarmos wearable technology no mercado. Ainda que em pequena quantidade e representando pouquíssimo no total de vendas de suas empresas, já se pode encontrar óculos com fone de ouvido e mp3 player embutido, calça jeans com plug para o iPod e até uma bolsas e jaquetas com mini painéis solares que transformam a luz solar em energia para ser utilizada na carga os celulares, iPods e afins.
Mas a real novidade está nas chamadas emotional clothings. A Philips tem uma linha de pesquisa totalmente dedicada a essa nova área chamada Design Probe, responsável pelos principais produtos do segmento. Como parte deste projeto, a marca desenvolveu os SKIN Dresses, um sub-projeto que visa estudar a futura integração de materiais sensíveis na área de sensores emocionais. É a evolução de produtos e tecnologia inteligentes para sensitíveis.
Hoje já existem dois modelos sendo testados, um mais justo, o Frisson, e outro mais volumoso, chamado e Blush Dress - que chegou a entrar para a lista das melhores invenções de 2007 da revista Time. Ambos apresentam tecnológica sensível às emoções humanas e mostram como o corpo e tudo o que nos rodeia pode usar padronagens e variações de cores para interagir e prever estados emocionais.
O Blush é composto por duas camadas, sendo que a primeira, ou a debaixo, contem sensores biométricos que captam as emoções de seu usuário através de variações de temperatura, batimento cardíaco e de textura na superfície da pele, e as projetam na segunda camada sob a forma de luz e cores.
Segundo a própria idealizadora do vestido, Lucy McRae o Blush Dress é menos sobre o toque do seu portador e mais sobre o ambiente que o rodeia. É uma exteriorização do que a pessoa sente em relação ao ambiente.
Já o Frission, um macacão bem justo ao corpo com vários LEDS, já respondem mais ao que a pessoa sente em relação ao que ela faz e toca. Os mesmo sensores biométricos fazem os LEDS ascenderem e diferentes intensidades de acordo com o nível de excitação e entusiasmos da pessoa.
Tudo isso pode parecer um filme de ficção científica, ainda mais quando se sabe que o Desgin Probe da Philips tenta prever tendências e necessidades sociais dos próximos 15 anos, ou seja, o que os seres humanos poderão estar usando em 2020.
Porém, não há como negar que tudo isso mostra uma nova forma de como a roupa comunica nossas emoções e sentimentos para o mundo. Os benefícios podem ser inúmeros, desde a expressão de sentimentos que dificilmente são expressados em palavras, até formas de estudos de marketing e sociais - para prever como as pessoas reagem a determinada situação ou produto.
O terreno é extremamente novo, porém muito fértil, prometendo muitos estudos e ainda muita inovação e aprimoramento. E que venha o futuro.

Matéria publicada originalmente na Revista Catarina

One Response so far.

  1. Boa noite Aline. Sou Léo Magnus e me interessei pelo assunto sobre Wearable Technology que você postou. Inclusive, estou desenvolvendo um trabalho acadêmico sobre o assunto. Você citou a origem do artigo, que é da Revista Catarina, mas busquei a matéria no site, porém não encontrei. Você tem a reportagem original pra me ceder? Pode desconsiderar o post assim que ler. Meu contato é: leo.magnus@hotmail.com
    Desde já agradeço!