Hussein Chalayan é provavelmente um dos estilistas mais intelectuais da atualidade. Suas criações e desfiles estão mais para instalações ou happenings do que uma mera parada de vestidos incríveis. Desde o início de sua carreira, Chalayan ficou marcado pela forte carga conceitual em suas apresentações. Mas ao invés de se enraizar na questão do choque – de espantar as pessoas -, seus desfiles são embasados em diálogos inteligente sobre genética, antropologia, migração, preconceitos culturais, impactos ambientais, identidade, arquitetura e agora pela adoração primitiva do sol em relação com o status das celebridades contemporâneas.
Chalayan já apresentou mulheres todas cobertas por um chador – peça de roupa que as mulheres muçulmanas usam para cobrir todo o corpo – ou completamente nuas, vestidos com pedaços de vidro em suas tramas ou inspirados em asas de avião, onde pedaços da roupa se abriam para revelar o corpo da modelo e até vestidos e saias de madeira.
Só para dar um exemplo de como o estilista incorpora estes elementos à um contexto intelectual mais elevados. Os looks de madeira da coleção “After Words” (inverno 2000/2001), eram na verdade mesas de café, reconstruídas para remeter à vida dos refugiados que tinham que se camuflar para fugir, tudo inspirado pela situação em Kosovo.
Mais recentemente, Chalayan chamou atenção para vestidos móveis em sua coleção para o verão 2007, numa apresentação que retomava os principais momentos da história da moda em um só look – ok, talvez 3, mas vocês entenderam. Na coleção seguinte, Chalayan incorporou LEDS à suas roupas retráties/móveis, que faziam com que os vestidos se iluminassem e transmitisse mensagens luminosas.
Para o verão 2008 Chalayan surpreende de novo. Começando pela forma como decidiu apresentar sua coleção. Ao invés da clássica forma de desfile, o estilista em parceira com o SHOWstudio e Antonhy Hegarty (do Antonhy and the Johnsons), exibe um filme, chamado “Readings”, para mostrar sua nova coleção.
Ao som de piano, vidros quebrando e vozes, as modelos dançam e se movem como que em um ritual tribal, só que aqui com as ótimas propostas de Chalayan, sempre numa silhueta solta, confortável e em tecidos leves. Blusas de mussleine, vestidos de seda, curtos e longas e também camisas e shorts de alfaiataria.
Mas Chalayan guardou o melhor para o final. Desta vez o estilista resolveu trabalho com laser, uma tecnologia com a qual nunca havia feito nada. Das aplicações de cristais swarovskis nas roupas e acessórios, feixes de laser eram emitidos, caindo sobre os corpos das modelos ou refletindo em espelhos formando um verdadeiro caleidoscópio.